As queimaduras mudam o olhar das pessoas sobre o mundo por medo de serem julgadas, excluídas, vítimas de bullying entre outras situações desagradáveis. Essas marcas podem atingir a vida das pessoas desde a fase infantil, adolescência ou até mesmo na fase adulta. Essas cicatrizes pelo corpo fazem que as pessoas se sintam inseguras sobre sua aparência, sobre si mesmo, deixando-as vulneráveis perante a sociedade. Já a aceitação é um processo mais lento que varia de pessoa para pessoa, tornando-se um caminho difícil para a pessoa e as pessoas que vivem que perto dela.
A aceitação do seu corpo e inspiração para
outras pessoas
A Diretora Executiva da Instituição ANAVIQ, Marilce
Chagas, sofreu uma queimadura em um acidente com álcool em uma brincadeira na
infância. Na adolescência sofreu com preconceito dos colegas por suas
cicatrizes, até encontrar seu marido (namorado naquela época) que conseguiu elevar
sua autoestima e enxergar sua beleza.
“As minhas cicatrizes de queimadura foram causadas por um
acidente com álcool durante uma brincadeira quando eu tinha 8 anos. Somente na
minha adolescência eu me dei conta da proporção do acidente, por ser uma fase
de descobertas, eu me sentia insegura e com medo de mostrar para as pessoas ao
meu entorno como eu realmente era. Principalmente aqueles olhares curiosos e
julgadores. Foi na adolescência (aos 15 anos) que conheci meu primeiro e único
namorado (atualmente meu marido). Foi ele quem me fez enxergar a minha beleza.
Até então eu não usava saias, shorts, vestidos e evitava ir à praia/piscina.
Atualmente, eu amo ir à praia/piscina, não me sinto intimidada ao usar uma
roupa que exiba minhas marcas das cicatrizes, e não tenho vergonha em mostrar
quem eu realmente sou.
Sem dúvida, foi um longo processo para que eu pudesse olhar
com amor para aquela imagem que eu via refletida no espelho.
Pra mim, as minhas cicatrizes foram essenciais para moldar
a mulher que sou hoje, forjou o meu caráter. Além disso, elas não me impediram
de seguir meus sonhos, de construir uma família e uma profissão, nem me
diminuiu como mulher”