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09 setembro, 2022

Campanha Setembro Amarelo – A vida é a melhor escolha

 


Em 2022, completa-se oito anos desde que a chegada do mês de setembro passou a ser acompanhada por um laço amarelo. A campanha de conscientização do combate ao suicídio atua no Brasil desde 2014, e mostra-se cada vez mais necessária e eficaz em um país que, até hoje, ainda enfrenta preconceitos quando se trata de saúde mental. 

Os pensamentos suicidas podem, infelizmente, se manifestar em qualquer pessoa e em qualquer período da vida. Diversos fatores podem servir de gatilhos, e não cabe a ninguém julgá-los ou medi-los. Nós, humanos, somos seres muito emotivos, e isso é uma das principais razões que nos fazem tão especiais. Portanto, momentos sensíveis e que expõem vulnerabilidade não devem, em hipótese alguma, ser motivo de vergonha ou culpa. 

Quando a carga emocional pesa demais, o ato de reconhecer a necessidade de ajuda e ir atrás dela é extremamente corajoso. Não conseguimos lidar com tudo sozinhos, e nem devemos. Estender a mão para o próximo em momentos difíceis é um ato de amor e solidariedade, seja por sofrimento físico ou psicológico. Cada pessoa, à sua maneira, faz diferença no mundo, e a atitude de escolher a vida é sempre o melhor caminho, por mais que isso nem sempre esteja claro.

ANAVIQ e o Setembro Amarelo

Como dito anteriormente, diversas causas podem influenciar ou desencadear em ideações suicidas. Muitas vezes, o sofrimento psicológico nasce por conta de um sofrimento físico: e a ANAVIQ entende bem disso. 

Vítimas de queimaduras lidam com mais do que sequelas no corpo. Além de se readaptarem a uma nova realidade física, a mente também precisa processar e se readaptar com os eventos traumáticos e a aceitação das cicatrizes. Essa tarefa é complexa e pode exigir muito de cada um, e infelizmente nem todos conseguem suportar a carga, o que é algo completamente compreensível. Afinal de contas, ninguém está preparado para essas situações. A vida não vem com um manual de instruções para suas adversidades, não é mesmo? 

Desse modo, é muito válido enfatizar novamente: Não há problema em estar vulnerável. Não há problema em pedir ajuda. Não é justo com nós mesmos nos deixarmos sofrer sozinhos. Sua vida é importante, assim como a minha, assim como a do próximo. Não deixe de escolher ela. Você não está sozinho nessa luta.

O ipê amarelo

Para finalizar, faço a analogia do mês de combate ao suicídio com o ipê amarelo. Essa árvore, ao contrário de muitas na natureza, floresce nos dias mais cinzas do inverno, um pouco depois de perder todas as suas folhas. É essa característica singular que indica algo muito belo: logo, haverá a chegada da primavera. Inclusive, os ipês florescem justamente no mês de setembro. Percebeu a relação?

Em momentos de escuridão e desamparo, façamos como o ipê: que sejamos capazes de suportar o frio e aguardemos a promessa de que dias melhores virão. Que nós possamos ter forças para escolher o caminho da vida, porque ela sempre será a melhor opção. 


Dia 10 de setembro é o dia de combate ao suicídio, mas a nossa luta prevalece o ano todo. Caso precise de ajuda, não hesite em entrar em contato com Centro de Valorização da Vida (CVV): ligue 188 ou acesse o site https://www.cvv.org.br/

A ANAVIQ apoia essa causa!

06 maio, 2022

Autoestima e aceitação das cicatrizes

 

As queimaduras mudam o olhar das pessoas sobre o mundo por medo de serem julgadas, excluídas, vítimas de bullying entre outras situações desagradáveis. Essas marcas podem atingir a vida das pessoas desde a fase infantil, adolescência ou até mesmo na fase adulta. Essas cicatrizes pelo corpo fazem que as pessoas se sintam inseguras sobre sua aparência, sobre si mesmo, deixando-as vulneráveis perante a sociedade. Já a aceitação é um processo mais lento que varia de pessoa para pessoa, tornando-se um caminho difícil para a pessoa e as pessoas que vivem que perto dela.


A aceitação do seu corpo e inspiração para outras pessoas

A Diretora Executiva da Instituição ANAVIQ, Marilce Chagas, sofreu uma queimadura em um acidente com álcool em uma brincadeira na infância. Na adolescência sofreu com preconceito dos colegas por suas cicatrizes, até encontrar seu marido (namorado naquela época) que conseguiu elevar sua autoestima e enxergar sua beleza.

“As minhas cicatrizes de queimadura foram causadas por um acidente com álcool durante uma brincadeira quando eu tinha 8 anos. Somente na minha adolescência eu me dei conta da proporção do acidente, por ser uma fase de descobertas, eu me sentia insegura e com medo de mostrar para as pessoas ao meu entorno como eu realmente era. Principalmente aqueles olhares curiosos e julgadores. Foi na adolescência (aos 15 anos) que conheci meu primeiro e único namorado (atualmente meu marido). Foi ele quem me fez enxergar a minha beleza. Até então eu não usava saias, shorts, vestidos e evitava ir à praia/piscina. Atualmente, eu amo ir à praia/piscina, não me sinto intimidada ao usar uma roupa que exiba minhas marcas das cicatrizes, e não tenho vergonha em mostrar quem eu realmente sou.

Sem dúvida, foi um longo processo para que eu pudesse olhar com amor para aquela imagem que eu via refletida no espelho.

Pra mim, as minhas cicatrizes foram essenciais para moldar a mulher que sou hoje, forjou o meu caráter. Além disso, elas não me impediram de seguir meus sonhos, de construir uma família e uma profissão, nem me diminuiu como mulher”

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal


Portanto, a autoaceitação é um processo demorado que envolve vários fatores como: financeiro, psicológico, emocional entre outros aspectos que pode levar anos até a pessoa de fato conseguir se auto aceitar para si mesma e perante a sociedade. A ajuda dos familiares é fundamental para que o indivíduo não se sinta sozinho e desamparado e tenha uma evolução mais rápida diante da sua dor.

29 abril, 2022

O bullying na vida das pessoas vítimas de queimadura

Crianças, jovens e adultos chegam a passar meses em hospitais após serem vítimas de queimaduras. Com isso, cada pessoa acaba tendo um tratamento conforme a sua condição física e prescrição médica. Esse tratamento não se dá apenas quando a vítima está no hospital, na maioria das vezes ela passa pela fase do pós-hospitalar, onde ocorrem inúmeras consultas com os médicos para acompanhamento das suas queimaduras. 

Tratamento ideal 
Quando falamos de tratamento conforme a sua condição física e prescrição médica, pode parecer que todas as vítimas de queimadura têm acesso a atendimento especializado, porém a realidade pode ser outra. As vítimas precisam ter o apoio de atendimento multidisciplinar como, por exemplo, o atendimento de fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, entre outros tratamentos.

O paciente também precisa se locomover até as unidades de atendimento médico, desse modo, há um custo quando o transporte não é fornecido gratuitamente, questão desfavorável para pessoas quando o valor gasto faz falta em outras despesas. Vale lembrar que, não são todos hospitais preparados estruturalmente e com equipe médica especializada em queimaduras, essas questões podem estar ligadas a falta de investimento público.

Fases
Após passar pela fase aguda do tratamento, ocorre o processo do pós-hospital onde ocorrem inúmeras consultas com profissionais da equipe multidisciplinar para reabilitar suas funções, além do acompanhamento com a equipe médica, comprometendo sua frequência escolar. Também precisam usar uma malha compressiva (que ajuda no processo de cicatrização) por até 2 anos. Lidar com todo esse caminho não é fácil, ainda mais quando a vítima tem que lidar com questões que as prejudicam ainda mais. Como no caso do bullying, que atinge principalmente os jovens. 

O que é bullying? 
O bullying é classificado como intimidações verbais e físicas, que podem levar a vítima a ter insegurança, ansiedade, ataques de pânico, depressão, entre outros. Quando uma vítima de queimadura está passando por um processo vulnerável, ela também acaba tendo que lidar com o bullying. Como no caso das crianças que passam grande parte do seu tempo na escola, estando em constante contato com o bullying, o qual é cometido na maioria das vezes por colegas de classe. E para uma criança que talvez visse a escola como um lugar divertido e de aprendizado, agora observa o ambiente escolar como um lugar onde se sente inferior e desconfortável. Ademais, a criança vítima de queimadura além de lidar com o bullying, sua vida escolar é gravemente afetada, pois, com a necessidade de faltar na aula para consultas e tratamentos médicos, sua evolução pedagógica fica comprometida, vale lembrar que esses jovens passam menos tempo na escola, fazendo com que eles não estejam criando vínculos sociais como as demais crianças.

Depoimento
Ariane Olimpo de Sousa, vice-presidente da Anaviq relata um pouco da sua história e como o bullying esteve presente durante sua infância e adolescência:

“Eu me queimei quando tinha 1 ano e 8 meses. Na infância e adolescência sofri muito bullying na escola”.

“Na escola as crianças não sabiam o que eram queimaduras e com isso tinham medo ou receio de chegarem perto, ou encostar em mim. Passei o fundamental muito sozinha. Eu sentava nas últimas carteiras e quando tinha trabalhos em grupo na maioria das vezes eu fazia sozinha. As crianças riam de mim e sempre reforçaram que eu era muito feia”.

“A escola se tornou para mim um ambiente horrível de exclusão, eu chorava para não ir para a escola. Meu desempenho escolar era baixo, eu não tinha motivação para estudar. Na quarta série fiz uma cirurgia nos dois braços e perdi dois bimestres escolares tive que repetir a quarta série no ano seguinte”.

“O bullying gerou um impacto enorme na minha segurança e autoestima. Eu tinha muita vergonha de falar em público e não conseguia aceitar as minhas cicatrizes. A terapia e a Anaviq que contribuíram muito para a minha aceitação e autoestima” — Completa a vice-presidente.

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

 

São histórias como essas que comprovam o quanto o bullying pode prejudicar a vida das pessoas.

Quando você identificar uma criança, jovem ou adulto que esteja passando por situação de constrangimento, as ajude! Um ato de compaixão pode mudar a vida de alguém.

Você pode denunciar pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos)

Campanha Setembro Amarelo – A vida é a melhor escolha

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